sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Planos de Saúde/Seguro Saúde:Um desafio para o planejamento de aposentadoria.


Ao elaborar um planejamento de aposentadoria, um dos itens mais difíceis e complexos de lidar, são os custos com a saúde.

Não sabemos quanto tempo viveremos e que tipo de doença poderá nos acometer, e quais os cuidados e medicamentos terão que dispor. Sobretudo, sabemos que, estatisticamente, estamos vivendo mais tempo, porém nem sempre com a qualidade e padrão que gostaríamos.

Somadas as essas incertezas, temos um ponto crucial: quanto nós gastaremos com o plano de saúde ou seguro saúde?

Aqui tenho que abrir um parêntese. Segundo o IBGE 75% dos brasileiros não possuem nenhum plano ou seguro saúde, nem planejamento de aposentaria complementar. Ou seja, dependerão exclusivamente da aposentadoria oficial e do SUS. Situação cada vez mais preocupante, em face da estrutura deficiente e crítica das instituições públicas e falta de projetos de médio e longo prazo.

Os planos de saúde possuem reajustes de preços controlados pela ANS – Agência Nacional de Saúde, fato que torna um pouco mais fácil de projetar o orçamento pessoal, pois normalmente esses reajustes acompanham de perto os índices de inflação. Por outro lado, estes planos estão fadados ao fracasso e extinção. As operadoras não querem mais oferecer esse produto. Muitos deles estão em dificuldades financeiras e dão coberturas limitadas, descredenciam hospitais, laboratórios e profissionais. Remuneram mal os prestadores, atrasam o pagamento, glosam pedidos médicos e dificultam o acesso aos serviços.

Por outro lado, o seguro saúde tem uma rede de prestadores maior e mais qualificada. As operadoras preferem trabalhar essa modalidade de serviço, pois fogem à regra da ANS de reajuste de preços. Estes são praticados de acordo com a sinistralidade da carteira, e esses dados não são de fácil acesso dos segurados. Então eles praticam os preços que bem lhes convier. Nos últimos anos foram sempre muito acima da inflação.

Se acaso o cidadão for pagar por um serviço médico, nos deparamos com um absurdo ainda maior: os preços são diferenciados. Exames laboratoriais, principalmente. As operadoras remuneram, pelo mesmo exame valores infinitamente menores do que um usuário individual. As consultas médicas, da mesma forma. Na média, uma consulta custa R$250,00 em São Paulo, as operadoras remuneram os prestadores em R$50,00!Uma colonoscopia custa cerca de R$10.000,00 (dez mil reais), caso você não tenha um plano qualquer; as operadoras reembolsam aos prestadores cerca de R$ 800,00 (oitocentos reais). São diferenças absurdas, sem nenhum respaldo jurídico, lógico ou financeiro. As autoridades fingem que não sabem. Segundo o código do consumidor isso é proibido. Mas nada é feito para coibir essa prática conhecida por todos.

O grande desafio é projetar os custos com o seguro: temos que trabalhar com uma grande margem de segurança para que no futuro não tenhamos uma desagradável surpresa ao perceber que a conta não fecha.

Observamos que o governo é omisso a esse respeito. As informações estatísticas são conhecidas: o envelhecimento da população, o estrangulamento do sistema público de saúde, as dificuldades dos planos tradicionais de saúde e as baixas remunerações da Previdência Social. O Estado não cria mecanismos de incentivo aos planos de saúde e seguro saúde, que podem desonerar a rede pública. Não promovem alternativas a essas modalidades ineficientes e onerosas.

Corremos o risco de um empobrecimento ainda maior da população que está envelhecendo, triste e doente.

O que assistimos é uma falta de respeito aos cidadãos e a constituição.

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