Panfleto da
tulipamania , impresso em 1637.
As tulipas começaram a ser cultivadas no Império Otomano (atual Turquia) e
foram trazidas para a Holanda no século XVI. Essa flor curvilínea e colorida
cresceu junto com a Era de Ouro da Holanda. Elas se tornaram populares em
pinturas e festivais. Em meados do século XVII, as tulipas eram tão populares
que criaram a primeira bolha econômica, chamada de "tulipomania".
Essas flores caíram no gosto dos nobres e
endinheirados da Europa. A mais cobiçada era uma tulipa de pétalas cor-de-rosa,
a Semper Augustus. Em 1624, um único botão custava o mesmo que um sobradinho no
centro de Amsterdã (1 200 florins). E os preços iam subindo sem freio.
No começo da onda, os floristas só faziam negócios
na primavera, quando os bulbos (as raízes de onde nascem tulipas) floresciam.
Mas não demorou para que inventassem um jeito de manter o comércio o ano
inteiro. Especuladores compravam bulbos dos floristas no inverno e ficavam com
eles na esperança de que o preço subisse quando as flores descem as caras. Na
verdade eles não levavam o bulbo para casa. Ficavam com um contrato que lhes
dava direito ao dinheiro que eles rendessem mais tarde.
Não demorou e passaram a comercializar os próprios
contratos. Um investidor que tivesse pago 1 200 florins por um esperando que o
bulbo subisse de preço às vezes preferia vender a algum interessado no ato por
1 300 do que aguardar até a primavera. Esse outro sujeito podia achar alguém a
fim de pagar 1 400 e vender de uma vez para embolsar o lucro. Uma hora, já
tinha gente pegando 1 400 florins emprestados para comprar um bulbo e vendê-lo
no dia seguinte por 1 500. Ou seja: conseguindo um lucro sem ter investido nada
– é a chamada “alavancagem”. Um holandês que nem tivesse fundos para pagar o
empréstimo conseguia levantar recursos para pagar o que devia e ainda embolsar
uns trocados.
Conforme a
especulação dos bulbos crescia, o preço aumentava e parecia não ter fim.
A cobiçada Semper Augustus, por exemplo. No auge do
boom, em meados de 1630, ela subiu 300%, de 2 mil para 6 mil florins. Cada meio quilo de tulipa amarela foi de 20
para 1 200 florins.
Esse mercado só se sustentaria se os preços
continuassem subindo sempre, indefinidamente.
O crash das tulipas veio logo que descobriram um
monte de fraudes – floristas estavam vendendo contratos falsos, que não davam
direito a bulbo nenhum. A desconfiança reinou e ninguém mais queria esses
papéis.
Quem tinha vendido suas casas e carruagens para
investir no dinheiro fácil viu que não teria mais lastro e nem a valorização
seria infinita. Os contratos viraram “títulos podres”, sem valor algum, e o
desespero tomou conta dos portadores dos títulos que já não encontravam mais
compradores.
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